
O engenheiro agrônomo e doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Danilo César de Mello, acaba de ver sua pesquisa publicada na prestigiada Nature Communications Earth & Environment , uma das revistas científicas mais relevantes do mundo. O estudo, orientado pelos professores Carlos Schaefer e Márcio Francelino, propõe uma nova abordagem sobre os impactos do aquecimento global nos ecossistemas polares, especificamente na Antártica.
Durante dois meses, Danilo, 40 anos, teve a oportunidade rara de realizar sua pesquisa no continente gelado. Sua investigação focou na caracterização geofísica dos solos antárticos e na quantificação das emissões de gás carbônico, um estudo inovador que utiliza geotecnologias de ponta para compreender as dinâmicas do carbono em um dos ambientes mais extremos do planeta.
O artigo, intitulado “Gobal warming may turn ice-free áreas of Maritime and Peninsular Antarctica into potential soil organic carbon sinks” – que em tradução significa – “O aquecimento global pode transformar áreas livres de gelo da Antártica Marítima e Peninsular em potenciais sumidouros de carbono orgânico do solo”, explora as possíveis transformações que o derretimento das geleiras pode trazer para a região. Com base em um extenso banco de dados de mais de 2.800 amostras de solo de diferentes áreas da Antártica e utilizando técnicas de aprendizado de máquina (machine learning), a pesquisa modela três cenários climáticos futuros do IPCC, revelando como os ecossistemas da Antártica podem se comportar em relação ao sequestro de carbono.

Uma das descobertas mais surpreendentes do estudo é que, ao contrário do Ártico, onde o descongelamento libera grandes quantidades de carbono para a atmosfera, o recuo das geleiras na Antártica tem favorecido a expansão de vegetação, o que pode transformar algumas áreas do continente em novos sumidouros de carbono. Esse fenômeno, denominado “Planeta Bipolar”, sugere que os impactos das mudanças climáticas nos polos podem ser opostos, com a Antártica funcionando, em algumas regiões, como um absorvedor de carbono em vez de um emissor.
“Neste trabalho, incorporamos três diferentes cenários de mudanças climáticas futuras do IPCC a um extenso banco de dados de solos, que reúne mais de 2.800 amostras de duas regiões da Antártica. Utilizando técnicas de machine learning (aprendizado de máquina), buscamos predizer, quantificar e compreender a dinâmica dos estoques de carbono orgânico no solo a longo prazo, por meio de modelagem preditiva, considerando fatores ambientais, propriedades do solos e feições de relevo”, complementa Danilo.

A pesquisa de Danilo e sua equipe marca um avanço significativo na compreensão das mudanças climáticas nos polos, e destaca o papel fundamental da ciência brasileira na Antártica. O artigo completo pode ser acessado por meio do link da Nature Communications Earth & Environment .
“Esperamos contribuir com a informação científica de impacto para a sociedade, prestigiando a pesquisa e os pesquisadores brasileiros na Antártica e a as agências de fomento envolvidas”, finaliza o cientista mirassolense.

Sobre o cientista mirassolense
Algumas experiências são únicas e raras, como a de conhecer a Antártica, um dos lugares mais remotos e gelados do planeta. O continente, desabitado por nativos e habitado apenas por centros de pesquisa, tem acesso restrito ao turismo e é considerado um destino inalcançável para a maioria das pessoas. No entanto, o mirassolense Danilo César de Mello, de 40 anos, fez parte da exceção. Durante dois meses, ele esteve na Antártica, realizando sua pesquisa de doutorado, e conversou com o Mirassol Conectada sobre o impacto de seu trabalho para a ciência brasileira.

Danilo viajou até as geleiras no extremo sul do planeta em 2022, ao desembarcar no continente ele foi direcionado para a Estação Antártica Comandante Ferraz para elaborar seu estudo, que envolveu toda a Península Keller.
Danilo, engenheiro agrônomo e mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela ESALQ-USP, atualmente é doutorando em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Seu estudo na Antártica concentrou-se na caracterização geofísica dos solos, uma abordagem inovadora para a região, e na quantificação das emissões de gás carbônico provenientes do solo e das plantas, utilizando geotecnologias avançadas.
Clique aqui para conferir a experiência completa do cientista mirassolense durante o período em que esteve na Antártica: